Por Luiz Gustavo Thomaz, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Nelson Malfacini
A Acadêmicos de Vigário Geral foi a segunda escola a ensaiar na noite deste sábado, e fez jus ao seu quarto ano consecutivo na Série Ouro mostrando a consolidação de alguns de seus quesitos, como a excepcional bateria comandada por mestre Luygui e o casal de mestre-sala e porta-bandeira Diego Jenkins e Thainá Teixeira, que vai para o terceiro ano na escola e apresentaram um ótimo entrosamento numa bela apresentação. Já a comunidade de Vigário não mostrou o canto forte de outros momentos, com poucas alas mostrando o samba na ponta da língua, até mesmo nos refrãos. A escola da Zona Norte desfila na sexta dia 09 de fevereiro, primeiro dia de apresentações, com o enredo “Maracanaú, Bem-Vindos ao Maior São João do Planeta”.
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“A gente fez um bom trabalho, um bom desfile, dentro daquilo que a gente precisava fazer foi cumprido, a gente sabia que a gente ia ter dificuldades em algumas situações com relação a um pouquinho de andamento, um pouquinho de canto, até porque a gente tem uma situação que a gente precisa trabalhar um pouco mais. Mas, numa maneira geral, minha comunidade está de parabéns, os meus segmentos, comissões de frentes, casais, passistas, bateria, harmonia, todo mundo de parabéns. A gente veio aqui, entregou o nosso 150%, todo mundo saindo daqui de tanque vazio e eu estou muito feliz com o desempenho”, comentou o diretor de carnaval, Flávio Azevedo.
Comissão de Frente
O experiente coreógrafo Handerson Big apresentou uma coreografia simples para a passagem do quesito no ensaio, mas bem executada. Uma tradicional quadrilha, com passos bem ensaiados e sem maiores arroubos. Fica a expectativa para a coreografia que a escola trará no desfile oficial.
“Na minha avaliação, o ensaio de hoje me deu um posicionamento que eu preciso mexer em algumas coisas, em termos de chegada dos componentes no tempo musical, tem alguma coisinha pra acertar, movimentos que eu vi e que eu ainda tenho tempo pra mudar. Isso serviu bastante pra mim. A gente tem ensaiado quatro vezes por semana, domingo, segunda, quarta e quinta. Aí pra semana do carnaval, provavelmente, vai ser a semana toda. A surpresa é que esse ano eu vou vir com elementos cenográficos, né? Desde 2020, na Vigário Geral, eu não tinha elementos cenográficos, os meus elementos cenográficos sempre eram elementos mais criativos, que os próprios componentes manuseavam e tudo mais, como adereços. Mas esse ano eu venho com adereços em um elemento cenográfico”, explicou o coreógrafo.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Diego Jenkins e Thainá Teixeira mostram uma evolução à cada apresentação. Em seu terceiro ano como casal da Vigário Geral, eles tiveram um desempenho de muita qualidade, com uma excelente sintonia, movimentos bem coordenados e uma bonita dança, temperada com algumas coreografias sem deixar a apresentação engessada. Ambos ensaiaram com muita vibração, deixando nítido o entrosamento do casal que se credencia a realizar um ótimo desfile.
“Nós conseguimos fazer exatamente o que a gente vem ensaiando já esse tempo. Claro que, depois do ensaio técnico, a gente sempre pega o trabalho que a gente apresenta, estuda bastante e vê o que precisa melhorar e ajustar para o grande dia com fantasia e tudo mais, mas no geral a gente está satisfeito. É um trabalho feito com muito carinho, com muita dedicação, meu e do Diego, dos nossos coreógrafos, Bia e Lucas, que ajudam bastante a gente, principalmente, a mesclar essa mistura de ritmos, sem perder a tradicionalidade da nossa dança. Agora é estudar o que foi apresentado hoje. A gente só sabe o que a gente sentiu, mas eu gosto de ver. A gente é bem detalhista, então agora é estudar bastante e chegar no grande dia ainda com mais garra, mais amor e mais dedicação”, comentou a porta-bandeira.
“Terceiro ano consecutivo juntos, meu sétimo ano em Vigário, e a certeza de que eu estou no lugar certo, com a pessoa certa e no momento certo da minha vida. Esse ensaio tem algo muito especial, esse carnaval é muito especial pra mim. Eu posso dizer que nós iremos vir com algo representativo demais para Maracanaú. Algo muito nobre, muito bonito, muito rico, da forma que Vigário Geral merece”, completou o mestre-sala.
Evolução
A escola teve uma evolução com um bom ritmo durante todo o seu ensaio, sem acelerar ou travar em demasia, e com boa desenvoltura de seus componentes, mesmo com muitos não sabendo cantar o samba da agremiação. Não foram vistos buracos ou maiores
espaçamentos deixados pela escola tricolor.
Samba-enredo
Se não teve um desempenho de chamar a atenção e impulsionar um canto mais forte de seus componentes, o samba composto por Tem-Tem Jr., Silvana Aleixo, Junior Fionda, Romeu Almeida, Jefferson Oliveira, Valtinho Botafogo, Marcus Lopes, Marcelinho Santos, Rafael Ribeiro, Sérgio Augusto de Oliveira Junior e Edu Casa passou de uma forma regular, com alguns trechos mostrando mais força como o refrão central e o final da segunda parte a partir do “forrozeiro ê…”. Danilo Cezar estreando na escola mostrou a firmeza de costume.
“Foi super legal, a escola cantou, a escola veio junto, pelo menos quando estava passando por mim. E Vigário é uma conexão, é um carinho, é uma recepção maravilhosa da comunidade. O carnaval também está lindo, vai ser uma noite de carnaval de São João na Sapucaí. Eu tenho a melhor bateria da Série Ouro, com toda certeza. Mestre Luigi é um ser humano ímpar. O carro de som ao comando do Tico, um dos melhores diretores que nós temos aqui na Série Ouro. E a conexão está incrível, é isso que a gente tem e está mostrando, e eu acho que vai dar muito mais certo ainda, mas já está dando muito certo”, garantiu o cantor Danilo Cezar.
Harmonia
O quesito que apresentou os maiores senões no ensaio da Vigário. Sobretudo por ser uma escola que trouxe uma comunidade com canto forte e brincante nos anos anteriores no grupo. Talvez o samba não tenha puxado o componente para cima, mas o que se viu foi um canto fraco e inconstante na maioria das alas, apesar de evoluírem com animação no geral. Nas poucas alas que cantaram o samba com mais força, o ensaio ganhou vigor.
Outros destaques
O casal de mestre-sala e porta-bandeira formado por Josias Araújo e Sophya Canuto, portadores de Síndrome de Down, encantou mais uma vez na sua passagem pelo sambódromo. Um momento singelo, bonito, inclusivo e emocionante no ensaio da Acadêmicos de Vigário Geral.
A já citada bateria comandada por mestre Luygui manteve o alto padrão que apresenta desde o primeiro ano de série Ouro, uma bossa que levantou o refrão de cabeça, marcações e desenhos muito bem construídos e ritmistas empolgados. Promessa de mais um grande desfile do quesito que é uma bola de segurança da escola. Egili Oliveira, rainha de bateria, deu show de samba no pé e simpatia à frente da bateria.
“Hoje a gente atingiu 99% do que a gente espera. Eu sou um mestre de bateria que eu me cobro muito, eu cobro muito da minha galera. Nunca estou satisfeito com nada e os cem por cento com certeza vão vir no dia do desfile, mas hoje a gente fez um grande ensaio técnico. Agora, a gente vai sentar com a diretoria, com a direção de bateria, a gente vai conversar, a gente vai ver o que a gente acertou, o que a gente errou e a gente vai consertar para o desfile para a gente poder chegar aos 100%. Eu gosto muito das minhas viradas de surdo, que já virou característica minha, uma marca minha registrada. É o naipe que com certeza a gente vai olhar com bastante carinho”, disse o mestre.