O número de visitas ao Zoológico de Goiânia caiu depois que um macaco morreu com febre amarela e a entrada no parque passou a ser restrita a pessoas já vacinadas contra a doença. De acordo com a direção do local, cerca de cinco mil visitantes lotam o parque durante o fim de semana. No domingo (2), apenas 200 pessoas estiveram no zoológico.
Segundo o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), agentes de zoonoses começam, nesta segunda-feira (3), a coletar mosquitos no parque para análise. O trabalho deve durar um mês e inclui a eliminação de criadouros da região . “Nós precisamos deste tempo para fazer esta análise e depois liberar o zoológico novamente para a população”, disse.
O Zoológico de Goiânia passou a ter restrição nas visitas na última quinta-feira (30). Só pode entrar no local quem tiver se vacinado contra a febre amarela. A medida vale por 30 dias e foi tomada após a confirmação de que um macaco com o vírus da doença morreu no local.
“Continuamos recebendo todo e qualquer visitante mediante apresentação do cartão de vacina. Se não trouxer o cartão e tiver vacinado, precisa assinar uma declaração de que possui cobertura vacinal contra febre amarela”, explicou ao G1 a supervisora técnica do zoológico, Rita Figueiredo de Carvalho.
De acordo com a direção da unidade, o macaco que tinha a doença não integrava o plantel do zoológico. O animal era silvestre e morreu no local.
O advogado Martius Bueno levou o filho de um ano de idade ao parte no domingo (2). Ele afirma que não há o que temer quando a imunização está em dia. “Tem que tomar os cuidados que tem que ter, faz a vacinação em dias e a gente segue a vida”, contou.
A pedagoga Lúcia Alves também esteve no parque e explica que, apesar da filha dela pensar que não estava vacinada, ela confirmou a imunização. “Depois de adulto ninguém costuma carregar cartão de vacina. A minha filha mesmo acabou de falar ‘mãe, minha vacina está vencida’ e eu falei ‘não, não está, porque você tomou quando nasceu e aos 10 anos de idade”, contou.
Movimento do parque zoológico foi tranquilo neste fim de semana (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Apuração
Após a morte, o bicho foi encaminhado para a Secretaria Municipal de Saúde para exames. O laudo ficou pronto na quarta-feira (29) e, em seguida, o órgão tomou a medida preventiva.
Segundo a assessoria da Prefeitura de Goiânia, a restrição é de 30 dias para que os laudos de exames em mosquitos da região fiquem prontos. A SMS coletou amostras e enviou para um laboratório em Belém, no Pará, para checar se há exemplares infectados com o vírus.
A supervisora técnica destaca que nenhum funcionário do zoológico teve febre amarela e que os demais animais estão sadios. “Estamos vigilantes, mas nenhum dos primatas do nosso plantel apresentou problema algum”, disse Rita.
O Zoológico de Goiânia recebe cerca de 7 mil visitantes por semana. A supervisora técnica destaca que a restrição não é motivo para alarde e espera que as pessoas não deixem de frequentar a unidade. “Elas não precisam ter receio. Estando vacinado, não tem problema”, concluiu.
Restrição acontece depois de morte de macaco em Goiânia (Foto: Divulgação/Prefeitura de Goiânia)
Transmissão
O surto de febre amarela no país levou moradores de algumas regiões atingidas a matarem macacos por medo da doença. Porém, o Ministério da Saúde alerta que os macacos não transmitem a doença diretamente para humanos e que eles são importantes para sinalizar a presença do vírus transmitido por mosquitos. Por isso, esses primatas devem ser protegidos em seu ambiente natural.
Em sua forma mais branda, a febre amarela se parece com uma virose simples. Pode apresentar febre, mal-estar, enjoos, vômitos e dores musculares. Na mais grave, icterícia (coloração amarelada de pele e olhos), urina escura, falência renal, falência do fígado e de outros órgãos e até morte.
De acordo com o superintendente de Vigilância e Saúde de Goiânia, Robson Azevedo, não há motivos para temer ou matar os macacos.
“Nós moramos em uma região endêmica, então nóstemos o vírus circulando em todo o centro-oeste brasileiro. E é esta, justamente, a importância do macaco. O macaco, quando nós encontramos ele morto, fazemos os exames e identificamos os vírus, então eu sei que naquela região, naquele local, eu tenho o vírus circulante. Volto a falar que as pessoas não devem matar o macaco, pois ele é um excelente indicador epidemiológico”, disse.