As informações estão em um relatório de 122 páginas que o juiz do caso tornou público nesta segunda-feira (19).
Martine é acusada na Justiça do Haiti de cumplicidade e associação para cometer um crime, mas não de ordenar a morte do marido, que ocorreu entre 6 e 7 de julho de 2021.
Diversos políticos ou pessoas com cargo de autoridade foram processados. O ex-primeiro ministro Claude Joseph também foi processado por cumplicidade.
O ex-chefe de polícia Léon Charles foi acusado de assassinato, tentativa de assassinato, posse de arma ilegal, conspiração contra o Estado e associação criminosa.
Viúva descreveu a noite do ataque
De acordo com o jornal “The New York Times”, o juiz do caso considerou que os depoimentos de Martine e outras pessoas que descreveram a ação na noite do crime são contraditórios, o que sugere cumplicidade no crime.
Quando Martine Moïse foi interrogada, ela contou que ouviu disparos por volta de 1h da madrugada. Foram de 30 minutos a 45 minutos de troca de tiros até que homens armados entraram no quarto do casal presidencial.
Ela afirmou que estava no chão quando ouviu os homens gritarem “Não é isso, não é isso!”.
Os suspeitos então fizeram uma chamada em vídeo para identificar a localização exata do que buscavam. Foi nesse momento que eles mataram o presidente.
Ela também disse que os homens pensaram que ela estava morta e, quando eles, saíram, ela se arrastou até o marido e disse que tentaria ir ao hospital. Foi nesse momento que ela se deu conta de que ele estava morto e que o olho esquerdo do presidente tinha sido removido.
No relato de Martine, um grupo de 30 a 50 policiais deveriam fazer a guarda da residência presidencial, mas o juiz afirma que havia poucos agentes naquela noite.
Um policial afirmou que ouviu de um megafone que era uma ação do exército dos Estados Unidos.
Um outro policial disse que o chefe de segurança da primeira-dama a encontrou “em estado crítico”, cercada pelos filhos. Ele disse também que viu pessoas saindo da residência com maletas e vários envelopes.
Mais acusados
Entre os outros acusados, estão:
- Christian Emmanuel Sanon, um pastor haitiano-americano que queria ser o próximo presidente do Haiti e disse que achava que Moïse seria preso, mas não assassinado.
- Joseph Vincent, um haitiano-americano e ex-informante da agência antidrogas dos EUA.
- Dimitri Hérard, chefe de segurança presidencial.
- John Joël Joseph, ex-senador haitiano.
- Windelle Coq, uma senadora haitiana que as autoridades dizem ser uma fugitiva.
Sanon, Vincent e Joseph foram extraditados para os EUA, onde 11 suspeitos são acusados pelo assassinato do presidente do Haiti. Desses, 3 já foram condenados.
Segundo promotores de Justiça dos EUA, o plano foi tramado tanto no Haiti quanto no estado da Flórida, nos EUA. Foram contratados mercenários para sequestrar ou matar Moïse, que tinha 53 anos quando foi morto em sua residência privada perto da capital haitiana, Porto Príncipe.
Além disso, mais de 40 pessoas estão detidas em prisões no Haiti aguardando julgamento.