Um grupo democrata trabalha incansavelmente junto aos eleitores árabes e muçulmanos de Michigan para enviar ao presidente Joe Biden uma mensagem de protesto contra o apoio do governo a Israel na guerra de Gaza. A campanha “Listen to Michigan” (“Ouça Michigan”) incentiva os eleitores a cravarem a opção “descompromissado” na cédula democrata: significa que votam no partido, sem apoiar qualquer candidato.
As primárias democratas (assim como as republicanas) acontecem nesta terça-feira (27) em Michigan.
Coordenado pela irmã da congressista Rachida Tlaib, a única de origem palestina na Câmara dos Representantes dos EUA, o movimento está longe de ameaçar a vitória de Biden nas primárias de Michigan, mas representa o desafio mais expressivo a ele até agora nesta campanha.
O voto descompromissado mostrará o peso das vozes dissidentes dentro do partido, que o pressionam para mudar o rumo da política americana em relação ao Oriente Médio. O grupo opera pela rede telefônica para atingir a maior comunidade árabe-americana do país, que representa 54% da população instalada no entorno da cidade de Dearborn, a sudoeste de Detroit.
O apoio de Biden às políticas do premiê israelense Benjamin Netanyahu desencadeou raiva e ressentimento entre os residentes muçulmanos no país. Na semana passada, os EUA exerceram pela terceira vez o poder de veto a uma resolução no Conselho de Segurança sobre o cessar-fogo em Gaza.
As desavenças com Netanyahu e as preocupações expressadas por Biden e pelo secretário Antony Blinken em relação à tragédia humanitária no território palestino são consideradas insuficientes pelo movimento. O governo americano vem reiterando seus vínculos com o aliado no Oriente Médio e condiciona o fim dos combates à libertação dos reféns em poder do Hamas.
Em Michigan, o ex-presidente Trump lidera por dois pontos (46% a 44%) em uma provável disputa com Biden em novembro, de acordo com a pesquisa mais recente do site “The Hill” com o Emerson College Polling. Em relação às primárias democratas desta terça-feira, a enquete revelou que 75% apoiam o presidente americano e 9% planejam assinalar a opção “sem compromisso” nas prévias.
A alternativa é prevista pela lei eleitoral do estado, que exige a disposição dessa opção na cédula das primárias de ambos os partidos. Estes votos são relatados durante a apuração. A campanha de Biden tenta evitar que o índice de descontentes democratas ultrapasse a ordem dos dois dígitos e lhe crie mais problemas.
O objetivo do “Listen to Michigan” não é ir contra o presidente em novembro, mas sinalizar já a necessidade de mudança de rumo do governo em relação à condução da guerra.
Para a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, a insatisfação pelo voto pode ajudar Trump a ser eleito.
“É importante não perder de vista o fato de que qualquer voto que não seja dado a Biden apoia um segundo mandato de Trump, que seria devastador. Este homem proibiu a entrada de muçulmanos em nosso país”, advertiu a governadora e também vice-coordenadora da campanha do presidente.
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