Se Musk for nomeado para um cargo público, o empresário pode ficar diante de um conflito de interesses. Isso porque as empresas dele têm vários contratos bilionários com o governo dos Estados Unidos.
No último fim de semana, na ação mais recente a favor de Trump, Musk prometeu sortear US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões) para eleitores que assinarem uma petição em defesa da liberdade de expressão e dos direitos às armas.
O abaixo-assinado pertence ao comitê de ação política que se dedica a enviar Donald Trump de volta à Casa Branca.
O sorteio vale para eleitores registrados em sete estados-chave, que têm concentrado intensos esforços das campanhas nas últimas semanas. Essas regiões são cruciais para definir o resultado das eleições.
Esta não é a primeira vez que Elon Musk interfere na corrida eleitoral americana e gera questionamentos sobre a legalidade do apoio à campanha republicana. Relembre outros momentos.
Doações milionárias
Elon Musk pula no palco de comício de Donald Trump em Butler, na Pensilvânia, em 5 de outubro de 2024. — Foto: AP Photo/Evan Vucci
Após declarar publicamente apoio a Donald Trump, um dos homens mais ricos do mundo — dono de empresas como SpaceX, Tesla e X — dedicou uma parte da fortuna para impulsionar a corrida eleitoral. A revista Forbes estima que o empresário possui um patrimônio líquido estimado em US$ 248 bilhões (mais de R$ 1,3 trilhão).
Novos registros federais dos EUA mostram que Musk já injetou quase US$ 75 milhões (cerca de R$ 425 milhões) no período de três meses para o grupo de apoio a Trump chamado “America Pac”.
O grupo, fundado por Musk em apoio aos republicanos, possui comitês de ação política — entidades legais previstas na legislação americana para que indivíduos possam doar valores e apoiar candidatos.
Segundo a agência de notícias Reuters, o valor doado pelo bilionário entre julho e setembro é maior do que qualquer outro grupo pró-Trump focado em mobilização de eleitores. Musk, inclusive, foi o único doador do grupo no período.
Propagação de notícias falsas
A ajuda de Musk a Trump vai além do dinheiro. O empresário, que acumula mais de 200 milhões de seguidores na sua rede social, se aproveita do fato de ser dono do X para disseminar teorias da conspiração sobre o Partido Democrata.
Musk também tem feito publicações para insultar a candidata democrata Kamala Harris. Desde que a atual vice-presidente entrou na disputa, o bilionário já postou dezenas de notícias falsas contra ela.
O empresário já fez posts afirmando, sem provas, que democratas estão registrando imigrantes que entraram no país nos últimos anos como eleitores.
Ele também compartilhou memes sobre haitianos que estariam comendo animais de estimação roubados em Springfield, Ohio. Segundo as autoridades locais, a informação é falsa e gerou pânico na cidade, incluindo ameaças de bomba.
Em outro post, Musk publicou uma foto gerada por inteligência artificial na qual Kamala aparece vestida com um “uniforme comunista”. O bilionário escreveu: “Kamala jura ser uma ditadora comunista no primeiro dia. Você acredita que ela usa essa roupa!?”.
Não havia, no entanto, nenhuma sinalização de que a imagem era falsa ou uma explicação do contexto — medidas que o X toma para evitar que pessoas sejam enganadas ou fiquem confusas.
Presença marcada na corrida
Atuação política de Elon Musk gera debate sobre o peso do dinheiro na eleição presidencial dos EUA — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Musk tem se tornado um rosto presente na campanha republicana. Além de já ter participado de um comício ao lado de Donald Trump, o bilionário decidiu transferir a base de operações para a Pensilvânia, onde prometeu sortear US$ 1 milhão a eleitores.
Recentemente, o empresário afirmou a confidentes que acredita ser o ponto de apoio para a reeleição de Trump.
Segundo a agência Reuters, Musk planeja mais atividades de campanha para Trump na Pensilvânia, considerada um estado crucial tanto para Trump, quanto para Kamala. O estado chave, que pode dar vitória tanto à chapa republicana quanto à democrata, será decisivo na votação.
Ajuda para Trump no X
Com ajuda de Musk, Trump voltou ao X depois de ser banido dias após a invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021. No ano seguinte à invasão, o Twitter foi comprado por Musk, que devolveu a conta do republicano.
Trump, no entanto, decidiu criar a própria rede social, a “Truth Social”. O ex-presidente só voltou a postar no X quase um ano após abandonar a rede social, horas antes de ser entrevistado por Musk numa transmissão ao vivo.
Na conversa, que começou atrasada e teve diversos problemas técnicos, Trump criticou a imigração ilegal, chamando-a de “apocalipse zumbi”. Ele voltou a prometer a “maior deportação da história dos EUA”.