Na conversa com Maduro, a expectativa de auxiliares próximos de Lula é de que o presidente meça a temperatura no país e manifeste o interesse do Brasil em ver o total cumprimento do Acordo de Barbados — celebrado em outubro do ano passado.
O acordo prevê eleições transparentes e democráticas, além da libertação de membros da oposição ao regime venezuelano. Mas a Venezuela vem recebendo críticas da comunidade internacional por não cumprir o acordo.
Maduro expulsa da Venezuela funcionários do escritório de Direitos Humanos da ONU
Na semana passada, pelo menos 12 funcionários de um escritório local do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) deixaram a Venezuela, depois que o governo determinou sua saída.
Outros fatores contribuem para a preocupação de Lula quanto ao cumprimento do Acordo de Barbados, segundo relatam assessores do presidente do Brasil.
No fim de janeiro, a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, que venceu as primárias da oposição, teve a candidatura para as eleições presidenciais barrada pelo Supremo Tribunal. E, no início de fevereiro, foi a vez de a ativista Rocío San Miguel ser presa, considerada terrorista e traidora da pátria pelo governo Maduro.
Presidentes Lula e Maduro durante encontro em Brasília, em maio de 2023. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
“Se em cem anos não foi possível resolver esse problema, é possível que a gente leve mais algumas décadas”, disse.
“Por que não discutimos? Porque não é o momento de discutir, era uma reunião bilateral para discutir desenvolvimento, para discutir investimento, mas o presidente do Irfaan [Ali] sabe, como sabe o presidente Maduro, que o Brasil está disposto a conversar com eles na hora que for necessário”, disse.
Lula disse que também não tratará do assunto com Maduro.
Lula e o presidente da Bolívia, Luis Arce, em reunião bilateral no Itamaraty em 2023. — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
Outros encontros importantes, durante a Celac
Além da agenda com Nicolás Maduro, Lula aproveitará a participação na Celac para outras reuniões de peso. Entre elas, um encontro ampliado com o presidente Gustavo Petro, da Colombia, e chanceleres do Chile e do México sobre a situação na Faixa de Gaza.
No dia 18 de fevereiro, durante viagem à Etiópia, Lula classificou como “genocídio” e “chacina” a resposta de Israel na Faixa de Gaza aos ataques terroristas promovidos pelo Hamas. E comparou a guerra em Gaza com o Holocausto promovido por Adolf Hitler contra milhões de judeus.
Também está prevista uma reunião bilateral com o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.
Além disso, Lula deve se reunir com Luis Arce, presidente da Bolívia, que se tornou o quinto membro efetivo do Mercosul, no ano passado, e ter uma audiência bilateral com a ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena Ibarra.
Também está prevista a assinatura de um acordo de serviços aéreos entre Brasil e Antígua e Barbuda, com o primeiro-ministro e o ministro das Relações Exteriores do país caribenho.