“John Wick 4: Baba Yaga”, dirigido por Chad Stahelski, dá continuidade à saga do emblemático personagem de Keanu Reeves, explorando territórios já conhecidos com a habilidade de sempre. Stahelski, cuja experiência como dublê confere um olhar apurado para as cenas de ação, oferece novamente sequências de lutas espetaculares e coreografias complexas, marcas registradas da série. No entanto, o filme oscila entre inovações visuais e a repetição de temas familiares, enfrentando o desafio de renovar a narrativa sem se distanciar das origens que definem John Wick.
A trama, embora abrangente em termos geográficos e narrativos, tende a recorrer demais a convenções já estabelecidas, correndo o risco de se tornar previsível. Reeves, como de costume, entrega uma atuação com a intensidade e melancolia exatas, capturando a essência de um anti-herói cujo percurso é tanto físico quanto emocional. Contudo, o roteiro às vezes não oferece espaço suficiente para o desenvolvimento dos personagens além das expectativas preexistentes.
A cinematografia, a cargo de Dan Laustsen, é sem dúvida um dos pontos fortes do filme, retratando cada confronto e cenário com uma vivacidade que realça a narrativa. Entretanto, a estética impressionante nem sempre é capaz de compensar a sensação de déjà vu que permeia a história.
Os antagonistas, embora carismáticos individualmente e interpretados por um elenco talentoso, nem sempre conseguem sair da sombra de Reeves, com algumas subtramas não alcançando seu potencial completo. A introdução de personagens como o Marquês de Gramont e o assassino cego Caine tinha o potencial de adicionar profundidade, mas frequentemente suas histórias parecem mais um adendo do que elementos integrados de forma harmoniosa.
Ainda assim, “John Wick 4: Baba Yaga” mantém o compromisso com a ação intensa e a atmosfera sombria que os fãs esperam, mesmo que não traga muitas novidades para quem busca uma evolução significativa na série. O filme, com todas as suas virtudes e defeitos, continua a ser uma prova do carisma duradouro de Reeves e da capacidade de Stahelski em dirigir o caos com um toque de elegância visual.
Conforme os créditos finais aparecem, fica evidente que, embora “John Wick 4” não reinvente conceitos, ele os executa com a competência de quem domina sua arte. Em sua essência, o filme serve como um lembrete de que, mesmo nas franquias mais queridas, há um equilíbrio delicado entre atender aos desejos dos fãs e inovar criativamente.
Filme: John Wick 4: Baba Yaga
Direção: Chad Stahelski
Ano: 2023
Gêneros: Ação/Mistério
Nota: 9/10